sábado, 16 de junho de 2012

Em nome de Deus – Karen Armstrong

Nesta obra terrivelmente atual, Karen Armstrong analisa os movimentos fundamentalistas que se desenvolveram nas três religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo. Seu ponto de partida é o ano de 1492, data em que ocorreram três fatos mercantes para cristãos, muçulmanos e judeus: a descoberta da América, a conquista de Granada e a expulsão dos judeus da Espanha.
Depois de analisar as origens do extremismo religioso entre adeptos das três grandes crenças, Armstrong focaliza os judeus ultra-ortodoxos que se opuseram ao sionismo e que ainda hoje se opõem ao Estado de Israel; os protestantes americanos que em 1925 condenaram um professor por ensinar a teoria da evolução a seus alunos e mais recentemente se dedicam, entre outras coisas, a atacar clínicas de aborto; os sunitas radicais que, insurgindo-se contra o Estado secular no Egito, assassinaram seu presidente, em 1981; e os xiitas que derrubaram a monarquia Pahlevi e instituíram um Estado teocrático no Irá.
Todos esses movimentos têm em comum o anseio de retornar ao que considerara ser as fontes - os fundamentos - de suas respectivas religiões. Todos se caracterizam, pelo repúdio á modernidade, cujas descobertas e teorias científicas muitas vezes contradizem a verdade mítica de seus livros sagrados, constituindo, por isso, uma suposta ameaça á sobrevivência de sua fé.
Todos partem de um equívoco fatal, que consiste em misturar mythos e logos, duas formas complementaras de chegar á verdade. A verdade da religião situa-se no plano do mythos, daquilo que não é racional nem empiricamente demonstrável, e não tem finalidade prática. A verdade da ciência, da história, da política, situa-se no plano do logos, do que é racional e empiricamente demonstrável, e deve ter aplicação prática.
Ao longo de sua argumentação, Karen Armstrong insiste nesse equívoco de conseqüências trágicas, alertando para a militância incessante de extremistas que não hesitam em sacrificar a vida - a sua e a de seus semelhantes - em atos criminosos que acreditam praticar em nome de Deus.