sexta-feira, 20 de junho de 2014

Um olhar sobre as relações de saber e poder: A microfísica de Michel Foucault



Ao reler a obra Microfísica do Poder de Michel Foucault, percebo que o conceito de micropoderes que propõe é de suma importância para uma análise mais profunda de nossa sociedade(brasileira), do sistema e comportamento que a compõe. Primeiramente, o autor diferencia-se por não considerar o poder como ele é é visto em primazia pelos homens. Para Foucault, o poder é o exercício e em suas obras não busca descrevê-lo e sim análisa-lo, assim como a origem da sociedade, onde procura explicações sobre tudo que existe e por fim, conceituando a Vontade de Verdade, a Vontade do Saber intrínseca a natureza humana. O filósofo segue as idéias de Nietzsche, encontradas na obra Genealogia da Moral(Fica a dica de uma ótima leitura), para Nietzsche essa Vontade de Verdade é associada a Vontade de Poder, a Vontade de Potência.(ou seja, a vontade de realizar algo, o tesão por fazer algo).

Outro fator interessante na obra de Foucault é a descaracterização do Estado como única figura que detêm o poder e direciona os indivíduos, alterando todo o esquema de dominação defendido por outros autores. Hobbes(Contratualista), por exemplo, desenvolve um sistema de dominação vertical, onde a instituição (Estado) mantém os homens ordenados(hoje também alienados). O Estado, então, domina a massa segundo esse autor. Mas, de acordo com Foucault, essa forma de poder não funciona mais. O Estado não é o único poder. Ao fazer essa genealogia, concluí que há várias instituições as quais os homem pertencem como o Estado, a família, a escola, a religião, a moral, o trabalho e inúmeras outras. Portanto, são várias instituições que tornam os indivíduos “mansos” a sociedade. Tais instituições exercem um poder disciplinar que os fabricará os indivíduos gradativamente. Atualmente,os perigosos meios de comunicação em massa fazem parte desse conjunto de micropoderes. Foucault, então, enxerga certa positividade nesse poder disciplinar onde as microesferas do poder, desenvolve o ser humano quanto um indivíduo. Para o poder disciplinar, o autor diz que é necessária uma vigilância constante enquanto este dura, pois assim desenvolve-se também um saber para eficácia do exercício do poder. Essa vigilância introjeta um comportamento ao homem, de tal forma que os indivíduos passam a requisitá-lo. Ocorre então, a passagem de uma sociedade disciplinar para a sociedade do controle. A partir desse conceito, dessa mudança no Estado, para se dominar a todos é preciso defender algo que interesse a todos: a Vida. Foucault desenvolve a base para pensar-se a sociedade do controle: O Biopoder e a Biopolítica, que a grosso modo, são políticas de produção de vida para manter-se o domínio perante aos homens. A Biopolítica sequencia a potencialização da vida de certos indivíduos, e resulta em uma das vertentes de dominação do sistema capitalista.