Seria a filosofia uma ciência ou ela estaria subordinada a essa mesma ciência? São essas algumas das perguntas que esse livro de Martin Heidegger busca responder. Para Descartes a filosofia seria uma ciência do qual todos os outros ramos estariam subordinados. Heidegger nega que a filosofia seja uma ciência e quer dignificá-la situando-a acima de qualquer área da ciência. A filosofia, ao contrário da ciência, permite ao filósofo dar aquilo que Heidegger chama de “salto na transcendência”, e isso permite elevar a filosofia a um nível que a ciência jamais poderá alcançar.Para ele, a ciência só é possível como filosofia, mas somente a filosofia permite o Dasein (ser-aí) a possibilidade de questionar o próprio ser-no-mundo. Equiparar a filosofia à ciência é denegrir a primeira, pois no sentido original dos gregos era as ciências que foram chamadas de “filosofias”, segundo Heidegger. A ciência sempre foi considerada desde os gregos como uma prática da vida contemplativa, e sempre continuará sendo assim, segundo Heidegger. Assim sendo, Heidegger define a ciência no sentido grego como a investigação “das sombras das coisas que estão por vir” por oposição ao real. A contemplação, para ele, é uma experiência mística, e a própria atitude “teórica” da ciência revela o seu lado “prático”. A filosofia exerce a transcendência, algo que a ciência jamais poderá fazer. Para Heidegger, a filosofia preocupa-se com a formação, enquanto a ciência está mais preocupada com o desempenho. A ciência torna-se obsoleta com o passar do tempo, algo que não acontece com a filosofia, que é atemporal. O livro reflete a preocupação do filósofo alemão com o problema do Ser, que ele classifica como o próprio problema do mundo. Ele faz a diferenciação entre Ser e Ente da mesma forma que em sua obra principal Ser e Tempo. Heidegger pergunta se o ente pode ser dito que é, então como podemos dizer que ele é manifesto? Ele responde que é preciso haver o nada, e que para que o nada exista, é preciso que haja o mundo ou a transcendência. O problema do mundo é o problema está posto em perguntas como o espaço pode se expandir, ou o tempo se atualizar, o problema da liberdade, o problema do nada ou da irrupção da transcendência no ente, segundo Heidegger. Para resolvermos o problema do Ser e o problema do mundo, diz o filósofo, é preciso filosofar, pois quando filosofamos estamos exercendo a transcendência. Introdução à Filosofia não é um simples resumo das disciplinas filosóficas como outros livros do gênero. O livro requer um conhecimento mais avançado da filosofia, pois já vai fundo no tema da Ontologia. Heidegger trata da separação entre ciência e filosofia colocando o problema do Ser como eixo central. Nem sempre ele é muito claro, mas por muitas vezes ele é profundo. Ler essa obra de Heidegger é um ótimo prelúdio de Ser e Tempo.