Nesta obra terrivelmente atual, Karen Armstrong
analisa os movimentos fundamentalistas que se desenvolveram nas três religiões
monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo. Seu ponto de partida é o ano
de 1492, data em que ocorreram três fatos mercantes para cristãos, muçulmanos e
judeus: a descoberta da América, a conquista de Granada e a expulsão dos judeus
da Espanha.
Depois de analisar as origens do extremismo religioso
entre adeptos das três grandes crenças, Armstrong focaliza os judeus
ultra-ortodoxos que se opuseram ao sionismo e que ainda hoje se opõem ao Estado
de Israel; os protestantes americanos que em 1925 condenaram um professor por
ensinar a teoria da evolução a seus alunos e mais recentemente se dedicam,
entre outras coisas, a atacar clínicas de aborto; os sunitas radicais que,
insurgindo-se contra o Estado secular no Egito, assassinaram seu presidente, em
1981; e os xiitas que derrubaram a monarquia Pahlevi e instituíram um Estado
teocrático no Irá.
Todos
esses movimentos têm em comum o anseio de retornar ao que considerara ser as
fontes - os fundamentos - de suas respectivas religiões. Todos se caracterizam,
pelo repúdio á modernidade, cujas descobertas e teorias científicas muitas
vezes contradizem a verdade mítica de seus livros sagrados, constituindo, por
isso, uma suposta ameaça á sobrevivência de sua fé.
Todos partem de um equívoco fatal, que consiste em
misturar mythos e logos, duas formas complementaras de chegar á verdade. A
verdade da religião situa-se no plano do mythos, daquilo que não é racional nem
empiricamente demonstrável, e não tem finalidade prática. A verdade da ciência,
da história, da política, situa-se no plano do logos, do que é racional e
empiricamente demonstrável, e deve ter aplicação prática.
Ao longo de sua argumentação, Karen Armstrong insiste
nesse equívoco de conseqüências trágicas, alertando para a militância
incessante de extremistas que não hesitam em sacrificar a vida - a sua e a de
seus semelhantes - em atos criminosos que acreditam praticar em nome de Deus.
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