sexta-feira, 13 de maio de 2011

A injustiçada Idade Média


É corrente vermos expressões que desaprovam algo conservador como: Medieval. Infelizmente tais rótulos foram enraizados tendo como princípio o preconceito em relação ao período histórico chamado de Idade Média. O próprio nome, aliás, é uma prova de preconceito ao período tão rico nos campos culturais, religioso e filosófico, sendo a primazia destes rótulos criados pelos Renascentistas e Iluministas dos séculos XVI ao XVIII. Outros termos pejorativos foram incorporados ao período como Idade das Trevas, tenebrae, media aetas e outros mais. Tinham, portanto, como característica renegar e desmerecer os fatos ocorridos tanto como as instituições políticas, econômicas e religiosas. Os pioneiros nesse caso foram os renascentistas do século XVI que buscavam reviver a cultura Grego-romana que havia se perdido em meio a terrível escuridão da Idade das Trevas, ou seja, uma época de 1000 anos que deixou a Europa inerte e sem criatividade.

Os iluministas do século XVIII e sua intenção de buscar a luz do conhecimento também desmereceram e criticaram a Idade Média. Todas as instituições medievais foram criticadas. Protestantes criticavam o fato de o enorme poder e influência católica no período, os burgueses riam da falta de mobilidade econômica e comercial centrada somente no Campo, as monarquias absolutistas lamentavam uma época em que houve Reis fracos e incompetentes. Logo, o iluminismo acentuou o preconceito em relação ao período medieval. Como prova disso, temos declarações de vários pensadores como Diderot que afirmou: “sem religião seríamos um pouco mais felizes”, referindo-se sua crítica a enorme influência que a Igreja possuía em todos os setores da sociedade. Mais duro ainda foi Voltaire que em poucas palavras sintetizou seu menosprezo a Igreja no período Medieval: “a Infame”. O campo científico também tinha suas críticas em relação à Idade Média, afirmando que o período foi de extrema pobreza com relação à curiosidade e raciocínio para buscar novas conquistas e descobertas como lamentando o fato de neste período a fé ter sobrepujado a razão. Concluímos que a Idade Média não foi somente marcada por atrasos e escuridão intelectual. Foi um período que lançou as bases para a modernidade tendo inúmeros fatos importantes como a criação das universidades, preservação de obras clássicas nos mosteiros, a arte sacra, avanços mesmo que tímidos, nos setores comerciais e econômicos assim como o esboço dos futuros Estados Nacionais. É um desafio para os pesquisados no campo medieval continuarem a pesquisa sobre as instituições deste período e tentar apagar de vez os preconceitos e rótulos enraizados na mente humana, fruto do Renascimento e Iluminismo.

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