quinta-feira, 25 de junho de 2015

A porta de entrada para a Filosofia de Martin Heidegger

Seria a filosofia uma ciência ou ela estaria subordinada a essa mesma ciência? São essas algumas das perguntas que esse livro de Martin Heidegger busca responder. Para Descartes a filosofia seria uma ciência do qual todos os outros ramos estariam subordinados. Heidegger nega que a filosofia seja uma ciência e quer dignificá-la situando-a acima de qualquer área da ciência. A filosofia, ao contrário da ciência, permite ao filósofo dar aquilo que Heidegger chama de “salto na transcendência”, e isso permite elevar a filosofia a um nível que a ciência jamais poderá alcançar.Para ele, a ciência só é possível como filosofia, mas somente a filosofia permite o Dasein (ser-aí) a possibilidade de questionar o próprio ser-no-mundo. Equiparar a filosofia à ciência é denegrir a primeira, pois no sentido original dos gregos era as ciências que foram chamadas de “filosofias”, segundo Heidegger. A ciência sempre foi considerada desde os gregos como uma prática da vida contemplativa, e sempre continuará sendo assim, segundo Heidegger. Assim sendo, Heidegger define a ciência no sentido grego como a investigação “das sombras das coisas que estão por vir” por oposição ao real. A contemplação, para ele, é uma experiência mística, e a própria atitude “teórica” da ciência revela o seu lado “prático”. A filosofia exerce a transcendência, algo que a ciência jamais poderá fazer. Para Heidegger, a filosofia preocupa-se com a formação, enquanto a ciência está mais preocupada com o desempenho. A ciência torna-se obsoleta com o passar do tempo, algo que não acontece com a filosofia, que é atemporal. O livro reflete a preocupação do filósofo alemão com o problema do Ser, que ele classifica como o próprio problema do mundo. Ele faz a diferenciação entre Ser e Ente da mesma forma que em sua obra principal Ser e Tempo. Heidegger pergunta se o ente pode ser dito que é, então como podemos dizer que ele é manifesto? Ele responde que é preciso haver o nada, e que para que o nada exista, é preciso que haja o mundo ou a transcendência. O problema do mundo é o problema está posto em perguntas como o espaço pode se expandir, ou o tempo se atualizar, o problema da liberdade, o problema do nada ou da irrupção da transcendência no ente, segundo Heidegger. Para resolvermos o problema do Ser e o problema do mundo, diz o filósofo, é preciso filosofar, pois quando filosofamos estamos exercendo a transcendência. Introdução à Filosofia não é um simples resumo das disciplinas filosóficas como outros livros do gênero. O livro requer um conhecimento mais avançado da filosofia, pois já vai fundo no tema da Ontologia. Heidegger trata da separação entre ciência e filosofia colocando o problema do Ser como eixo central. Nem sempre ele é muito claro, mas por muitas vezes ele é profundo. Ler essa obra de Heidegger é um ótimo prelúdio de Ser e Tempo.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Um olhar sobre as relações de saber e poder: A microfísica de Michel Foucault



Ao reler a obra Microfísica do Poder de Michel Foucault, percebo que o conceito de micropoderes que propõe é de suma importância para uma análise mais profunda de nossa sociedade(brasileira), do sistema e comportamento que a compõe. Primeiramente, o autor diferencia-se por não considerar o poder como ele é é visto em primazia pelos homens. Para Foucault, o poder é o exercício e em suas obras não busca descrevê-lo e sim análisa-lo, assim como a origem da sociedade, onde procura explicações sobre tudo que existe e por fim, conceituando a Vontade de Verdade, a Vontade do Saber intrínseca a natureza humana. O filósofo segue as idéias de Nietzsche, encontradas na obra Genealogia da Moral(Fica a dica de uma ótima leitura), para Nietzsche essa Vontade de Verdade é associada a Vontade de Poder, a Vontade de Potência.(ou seja, a vontade de realizar algo, o tesão por fazer algo).

Outro fator interessante na obra de Foucault é a descaracterização do Estado como única figura que detêm o poder e direciona os indivíduos, alterando todo o esquema de dominação defendido por outros autores. Hobbes(Contratualista), por exemplo, desenvolve um sistema de dominação vertical, onde a instituição (Estado) mantém os homens ordenados(hoje também alienados). O Estado, então, domina a massa segundo esse autor. Mas, de acordo com Foucault, essa forma de poder não funciona mais. O Estado não é o único poder. Ao fazer essa genealogia, concluí que há várias instituições as quais os homem pertencem como o Estado, a família, a escola, a religião, a moral, o trabalho e inúmeras outras. Portanto, são várias instituições que tornam os indivíduos “mansos” a sociedade. Tais instituições exercem um poder disciplinar que os fabricará os indivíduos gradativamente. Atualmente,os perigosos meios de comunicação em massa fazem parte desse conjunto de micropoderes. Foucault, então, enxerga certa positividade nesse poder disciplinar onde as microesferas do poder, desenvolve o ser humano quanto um indivíduo. Para o poder disciplinar, o autor diz que é necessária uma vigilância constante enquanto este dura, pois assim desenvolve-se também um saber para eficácia do exercício do poder. Essa vigilância introjeta um comportamento ao homem, de tal forma que os indivíduos passam a requisitá-lo. Ocorre então, a passagem de uma sociedade disciplinar para a sociedade do controle. A partir desse conceito, dessa mudança no Estado, para se dominar a todos é preciso defender algo que interesse a todos: a Vida. Foucault desenvolve a base para pensar-se a sociedade do controle: O Biopoder e a Biopolítica, que a grosso modo, são políticas de produção de vida para manter-se o domínio perante aos homens. A Biopolítica sequencia a potencialização da vida de certos indivíduos, e resulta em uma das vertentes de dominação do sistema capitalista. 

domingo, 23 de março de 2014

Reflexos ideológicos do Regime Militar brasileiro de 1964

1º de Abril de 2014: comemoração, luto, revolta pelos 50 anos do golpe militar?Da derrocada e fim do sonho das reformas de base?Vitória do conservadorismo e do discurso hipócrita de manter a situação econômica-social a mesma, inalterada para a elite?Discurso anticomunista?Ideologia alienadora pregada pelos meios de comunicação?Argumentos para o fim da corrupção? Pois bem, eis que o atual momento político brasileiro é em minha humilde opinião complicado e deturpado. O PT está no poder há vários anos e não dá sinais que irá sair tão cedo. A oposição é medíocre, apenas faz ataques sem fundamentos. Uma oratória e poder de persuasão que fazem os sofistas gregos se remoerem nas tumbas. Diante de tais fatos temos o aumento da violência, os gastos excessivos com a Copa do Mundo e Olimpíadas, as críticas internacionais a infraestrutura das cidades brasileiras, a revolta da TV Globo, assim como outros meios de comunicação que tentam e conseguem muitas vezes manipular a informação, mantendo a população alienada, pregando um ódio contra as reformas sociais do PT e por fim o fantasma dos 50 anos do Golpe Militar. Muitos jovens não entendem ou nem se quer tem condições de formarem opiniões devido a esses vários acontecimentos, pois muitos estão preocupados com coisas fúteis que a tecnologia e mídia oferecem. Poucos tem coragem de analisar e criticar de forma coerente a história como ocorreu e a conjuntura do presente que pode nos levar aos mesmos acontecimentos de uma passado não muito distante.O conservadorismo e preconceito ainda rondam a nossa frágil democracia,que é vítima de conspirações enquanto dorme tranquilamente, como diz Chico Buarque de Holanda. Ontem, 22 de março aconteceram em várias cidades brasileiras manifestações que lembraram a Marcha da Família pela liberdade, acontecida dias antes do golpe militar em 1964. Os argumentos daquela marcha?Os mesmos do nosso presente cenário social e político. Luta contra o anticomunismo do PT que se infiltrou em todos os ramos da sociedade, TV, escolas, Universidades e etc, luta contra a corrupção e ondas de violência. Tudo sob a batuta dos militares que devem por ordem e trazer tranquilidade ao povo brasileiro. Quando me refiro ao "povo", lógico, estou delatando as vontades da minoria, da elite que odeia ver milhares de brasileiros tendo acessos a educação, cultura e tecnologia. Utilizam argumentos ridículos, insinuações que atacam a história da política, a história do socialismo.Atacam sobretudo, a inteligência da população. Causam alienação e massificação da cultura brasileira. O apoio dos meios comunicação são escancarados. Dá arrepio, nojo. Infelizmente a história e a filosofia contam com membros adeptos de tantos argumentos carregados de preconceito e visão utópica. Portanto, os reflexos da famigerada Ditadura Militar ainda ecoam em nosso país, que construindo seu processo democrático ainda dá ouvidos a almofadinhas e conservadores. Se houver alguma dúvida, basta ver vídeos e relatos de torturas durante a Ditadura Militar, pessoas que jamais voltaram aos lares familiares, brasileiros que tentavam fazem jus ao slogan de nossa bandeira: Ordem e Progresso. Conseguiram apenas fazer com seus sangues fossem jorrados no manto verde e amarelo, que agora volta a ficar vermelho.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Literatura: Patrimônio humano

A Literatura resume-se em: recriar um fato especifico da realidade, sobre a ótica do autor. A realidade é aquilo que todos conhecem, que nos é dada no conjunto da experiência, externa e interna desde que nascemos.
Para que se possa conhecer algum momento da historia referente à algum povo, deve-se primeiro, mergulhar na sua literatura, desde seus escritos mito-poéticos. Se não houver uma profunda imersão na linguagem literária de qualquer população é impossível que se conheça o que se passou na mente desses povos. Um escritor só poderá torna-se importante, após ter pleno conhecimento do que os seus antecessores pensavam. Não há nada na literatura universal que não passe de uma simples elaboração da linguagem mito-poética preexistente.

Não existe nada de diferente na literatura mundial hoje, que já não havia se escrito antes, o que muda é o modo que foi dito. Quando não é absorvido o patrimônio da humanidade, desenvolvido ao longo dos tempos, o que sobra são as preferencias sociais do seu grupo de convívio interpessoal(que é quase que nada para se entender o pensamento de milhares de pessoas) então você irá torna-se um pseudointelectual dos mais elevados níveis, sem jamais ser levado a sério.


Escrito por Hemerson Luan, colaborador do Blog.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Antiguidade Oriental – Mesopotâmia


Localização
- Atual Iraque
- Entre os Rios Tigre e Eufrates

Características
- Alta rotatividade no domínio;
- Entre os rios Tigre e Eufrates;
- Região muito fértil;
- Geograficamente não favorável;
 - Sem proteções naturais;
Sumérios e Acádios
- Sumérios se fixam na Caldéia em 3500a.C.;
- Diversas cidades-Estado governadas por Patesi;
- Escrita cuneiforme;
- Invasões e domínio acadiano (2300a.C.);
- Sargão I – 1º rei Mesopotâmico;
- Sequência de Invasões – Ressurgimento dos sumérios;
- Invasões Amoritas – 1º Império Mesopotâmico;
1º Império Mesopotâmico
- Babilônia, nova capital;
- Hamurabi – código de Hamurabi – Lei de Talião;
- Invasões hititas e cassitas;
- Invasões assírias;
Império Assírio
- Famosos pela crueldade;
- Conquista do Reino de Israel;
- Construção da Biblioteca de Ninive;
- Retomada dos Caldeus e imposição do 2º Império Babilônico;
2º Império Babilônico
- Apogeu de Nabucodonossor;
- Jardins Suspensos da Babilônia;
- Cativeiro da Babilônia (hebreus);
- Morte de Nabucodonossor;
- Decadência;
- Tomada pelos Persas;
Economia e Sociedade
- Agricultura (trigo e cevada);
- Artesanato e comercio cresceram posteriormente;
- Monarquia Teocrática absoluta;
- Controle de excedente agrícola pelos templos;
- Pirâmide social composta pelo rei no topo, abaixo a aristocracia composta pelos sacerdotes e militares, seguida pela grande massa de trabalhadores e alguns escravos.
Religião
- Descendência quase que total dos sumérios;
- Politeístas (divindades ligadas à natureza);
- Lenda do Dilúvio (deus Marduk e Gilgamés);
- Lenda da Criação;
- Recompensas terrenas imediatas;
- Não acreditavam em vida após a morte;
Ciências, Artes e Escrita
- Conhecimento científico respeitável;
- Descobrimento de 5 planetas;
- Divisão do círculo em 360 graus;
- Sistema sexagesimal;
- Desenvolvimento matemático;
- Arquitetura destacável (Zigurates);
- Escrita Cuneiforme;
- Literatura Desenvolvida;

domingo, 20 de janeiro de 2013

Questões discursivas sobre a Revolução Francesa


1. (Ufba 2010)  Texto I

Trecho da Declaração de Independência dos Estados Unidos

“São verdades incontestáveis para nós: que todos os homens nascem iguais; que lhes conferiu o Criador certos direitos inalienáveis, entre os quais o de vida, o de liberdade e o de buscar a felicidade; que, para assegurar esses direitos, se constituíram entre os homens governos, cujos poderes justos emanam do consentimento dos governados; que, sempre que qualquer forma de governo tenda a destruir esses fins, assiste ao povo o direito de mudá-la ou aboli-la, instituindo um novo governo, cujos princípios básicos e organização de poderes obedecem às normas que lhes pareçam mais próprias para promover a segurança e a felicidade gerais.”

(AQUINO, 2005, p. 203).

Texto II

Declaração dos direitos do homem e do cidadão

No dia 26 de agosto de 1789, a Assembleia Nacional Constituinte proclamou a célebre Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, tendo como base o ideário burguês do Iluminismo. Entre os principais pontos defendidos por esse documento, destacam-se:
• o respeito, pelo Estado, à dignidade da pessoa humana;
• a liberdade e a igualdade dos cidadãos perante a lei;
• o direito à propriedade individual;
• o direito de resistência à opressão política;
• a liberdade de pensamento e de opinião.
De maneira solene, a Declaração tornava explícitos os pressupostos filosóficos sobre os quais deveria ser construída a nova sociedade liberal burguesa.

(COTRIM, 1994, p. 290).

Com base nas declarações que compõem os textos I e II, cite duas características comuns que marcaram o momento histórico no qual foram produzidas essas duas Declarações.
  
2. (Fgv 2007)                            Cidadãos:
            O homem nasceu para a felicidade e para a liberdade, e em toda parte é escravo e infeliz. A sociedade tem por fim a conservação de seus direitos e a perfeição do seu ser, e por toda parte a sociedade o degrada e oprime. Chegou o tempo de chamá-la a seus verdadeiros destinos; os progressos da razão humana prepararam esta grande Revolução, e a vós especialmente é imposto o dever de acelerá-la. Para cumprir vossa missão, é necessário fazer precisamente o contrário do que existiu antes de vós.
            (Maximilien de Robespierre. Paris, 10 de maio de 1793.)

Maximilien de Robespierre foi um dos principais líderes da corrente jacobina da Revolução Francesa. Ao discursar na Convenção acerca dos fundamentos que deveriam orientar a elaboração da primeira Constituição Republicana na história do país, Robespierre aplicou princípios iluministas para defender a construção de uma nova ordem política e social.
a) Aponte uma medida adotada pelos jacobinos no contexto da radicalização do processo revolucionário francês (1792-1794).
b) Explique um princípio iluminista presente no documento.
  
3. (Ufrrj 2007)  Leia o texto a seguir e responda ao que se pede.

"A luta dos Estados Unidos contra a Inglaterra foi apenas uma 'guerra de independência' ou foi uma revolução? (...) Alguns têm procurado ver, na guerra de independência americana, uma revolução (...), outros negam que essa guerra tenha trazido às antigas colônias inglesas profundas modificações econômicas e sociais. O meio termo é a opinião que deve prevalecer".
(Godechot, Jacques. "As Revoluções: 1770-1799". São Paulo: Pioneira, 1976. Pg. 19.)

a) Por que a Guerra de Independência dos Estados Unidos não pode ser considerada, do ponto de vista político, simplesmente uma guerra anti-colonial?
b) Aponte o impacto para o Estado Francês de sua participação na Guerra de Independência.
  
4. (Uff 2006)  A Revolução Francesa de 1789 foi um fenômeno que pode ser comparado àquele da Revolução Americana de 1776. Ambas constituem parte do que designamos como "Revoluções Burguesas". Entretanto, observando seus resultados políticos na França e nos EUA, percebemos diferenças radicais no tocante aos modos de organização dos governos de cada um desses Estados. Tendo em vista o estabelecido no texto:
a) explique as diferenças entre as formas políticas resultantes de cada uma das revoluções, no âmbito da França e dos EUA;
b) indique um dos líderes da Revolução Americana e um movimento no Brasil que tenha recebido a influência de uma das "Revoluções Burguesas".
  
5. (Puc-rio 2005)  Em princípios de 1789, a França era uma sociedade do Antigo Regime. A crise dessa estrutura manifestou-se ao longo desse ano, dando início a um período de transformações que se estendeu por dez anos: a Revolução Francesa.

a) INDIQUE 3 (três) características de natureza político-social da sociedade do Antigo Regime na França.
b) INDIQUE 3 (três) transformações operadas durante o 1° momento da Revolução Francesa - a "Era das Instituições" (1789 -1792) - que evidenciam o caráter revolucionário dessa experiência histórica.
  
6. (Fgv 2005) 
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9COU9UffifKk8dTUhyphenhyphenbh5QNSRMNFwmL8219Z4Pwl0NPaYr9sI0lB2tAH8kYk3na0L8aV0yWJnj7JWHZ-WQY7UiYeP7cBYRPRE3h3FigU7KuTNUhIlAfjotCVsRs0clkZKLHnHQtkSztfb/s320/Terceiro+Estado1.jpg

HISTOIRE: Une terre, des hommes. França: Magnard.

A caricatura acima mostra a situação das camadas sociais na sociedade francesa de antes da Revolução de 1789.

a) Que grupos e que relações sociais estão representados na caricatura?
b) Antes do movimento revolucionário, quais eram as principais críticas do povo em relação às camadas dominantes?
c) Que classe social liderou a Revolução e que transformações ocorreram no período mais radical do processo revolucionário?
  
7. (Ufv 2004)  Na noite de 14 de julho de 1789, em Paris, Luís XVI recebeu do duque de La Rochefoucauld-Liancourt a notícia da queda da Bastilha e da deserção das tropas reais frente ao ataque popular. O famoso diálogo que se travou entre o rei e seu mensageiro é breve e revelador. O rei, segundo consta, exclamou:
"Isto é uma revolta"; e Liancourt corrigiu-o: "Não, Senhor, isto é uma revolução".
(Adaptado de: ARENDT, Hannah. "Da Revolução". São Paulo: Ática; Brasília: Editora da UNB,1988, p.38.)

Com base nesse diálogo e nos seus conhecimentos sobre a Revolução Francesa, responda:
a) Por que os populares investiram contra a Bastilha?
b) Diferencie, do ponto de vista conceitual, "revolta" e "revolução".
  
8. (Ufscar 2003)  Os homens nascem e permanecem livres e iguais em seus direitos. As distinções sociais só podem basear-se na utilidade pública.
("Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão", França, 1789)

a) Relate o contexto histórico em que foi criado o documento mencionado.
b) Apresente um exemplo de um outro documento, criado a partir deste.
  
9. (Puc-rio 2001)           "Que é o Terceiro Estado? Tudo. Que tem sido até agora na ordem política? Nada. Que deseja? Vir a ser alguma coisa.
            Ele é o homem forte e robusto que tem um dos braços ainda acorrentados. Se suprimíssemos a ordem privilegiada, a nação não seria algo de menos e sim alguma coisa mais. Assim, que é o Terceiro Estado? Tudo, mas um tudo livre e florescente. Nada pode caminhar sem ele, tudo iria infinitamente melhor sem os outros (...)."
            Abade Sieyes. "O que é o Terceiro Estado?"

Considerando o texto apresentado,

a) - identifique 2 (dois) grupos sociais que compunham o Terceiro Estado e explique seus descontentamentos às vésperas da Revolução Francesa;

b) - cite, a partir dos descontentamentos do Terceiro Estado em relação ao Antigo Regime, 2 (duas) ações empreendidas pelos revolucionários franceses que tenham contribuído para alterar esta situação.
  
10. (Puc-rio 2000)  "Invocando o direito natural, tal qual os americanos, a Revolução Francesa conferiu à sua obra um caráter universal que a liberdade britânica não possuía, e afirmou esse caráter com muito mais força. Ela não proclamou apenas a república: instituiu o sufrágio universal. Ela não liberou apenas os brancos: aboliu a escravidão. Ela não se contentou com a tolerância: mas reconheceu a liberdade de consciência, admitiu os protestantes e os judeus na cidade e, criando um estado civil, reconheceu a cada um o direito de não aderir a nenhuma religião."

Georges Lefebvre, "La Place de Ia Révolution Française dans I'Histoire du Monde," ANNALES. Économies, Sociétés, Civilisations. 3 eme année, 3
                        (Juillet - Septembre 1948), p. 264.

Considerando a afirmação acima:

a) DESENVOLVA duas razões que justifiquem a importância do direito natural para se conferir um caráter universal à Revolução Francesa.

b) CITE um exemplo de restrição à liberdade entre os britânicos e entre os norte-americanos, que suas respectivas Revoluções não eliminaram.
 
Gabarito:  

Resposta da questão 1:
 • Influência das ideias iluministas e da expansão do liberalismo;
• Ascensão da burguesia industrial (papel político e ideológico);
• Crise do Antigo Regime e contestação revolucionária aos seus princípios: absolutismo, dominação colonial.  

Resposta da questão 2:
 a) Foram medidas adotadas pelos jacobinos no contexto da radicalização do processo revolucionário: a política do "terror"; a abolição dos escravos nas colônias; a "Lei do Máximo".

b) Para importantes pensadores iluministas, "a organização política da sociedade só é legítima quando defende os direitos do homem". Esse princípio iluminista está presente no discurso de Robespierre e deverá ser desenvolvido pelo candidato.  

Resposta da questão 3:
 a) Pelo menos uma das seguintes variáveis devem ser mencionadas: estabelecimento do Estado a partir dos princípios do constitucionalismo, existência das declarações de direitos, ideias de liberdade e igualdade legal dos cidadãos, divisão de poderes.

b) A ruína das finanças francesas foi a principal consequência para o Estado de sua participação na guerra de independência.  

Resposta da questão 4:
 a) Nos EUA, a revolução, no seu término, através da convenção constitucional da Filadélfia, produziu uma constituição que, mesmo levando em conta as diferenças entre republicanos e federalistas, definiu a criação de uma república federativa, que estabelecia o equilíbrio entre o governo central e os governos dos estados membros, garantindo a autonomia desses. Esse resultado decorreu da experiência de luta pela liberdade e autonomia dos colonos da América Inglesa (frente aos obstáculos criados pelo governo inglês), da presença dos valores iluministas, das marcas burguesas que os orientaram e das religiões protestantes que incentivavam a poupança e a acumulação através do trabalho. Na França, a luta contra o Antigo Regime reuniu setores sociais heterogêneos nos seus interesses e projetos, fruto das experiências de domínio do clero e da nobreza ao longo da formação do Estado francês. Desse modo, ao término da Revolução Francesa, não tivemos o lema da revolução transformando-se num regime republicano, mas sim numa monarquia constitucional de caráter censitário, onde votavam e eram votados apenas aqueles que tinham rendas e eram proprietários, justificando esse mecanismo pelos pressupostos iluministas relacionados ao talento e à realização econômica.

b) Entre os líderes podem ser citados Thomas Jefferson, Benjamin Franklin, John Adams, George Washington ou Alexander Hamilton. No caso do movimento brasileiro poderá ser citada uma das inconfidências que ocorreram entre o final do século XVIII e o início do século XIX.  

Resposta da questão 5:
 a) Alguns exemplos:
- o caráter estamental dessa sociedade,
- o fato de a nobreza e o clero serem estamentos privilegiados,
- o fato de caber à burguesia e às camadas populares toda a carga tributária,
- a vigência de uma monarquia absoluta,
- a legitimação do poder absoluto do monarca por meio da teoria do direito divino,
- o caráter consultivo e não deliberativo da Assembleia dos Estados Gerais,
- a concentração de poderes executivos, legislativos e judiciários e religiosos nas mãos do monarca,
- a subordinação da Igreja ao Estado.

b) Alguns exemplos de transformações:
- o estabelecimento de uma monarquia constitucional,
- o estabelecimento de três poderes: executivo, legislativo e judiciário,
- o fim dos privilégios,
- a abolição dos direitos feudais,
- a instituição da igualdade jurídica,
- o estabelecimento da liberdade de culto,
- o estabelecimento da liberdade de expressão,
- a afirmação da inviolabilidade da propriedade.  

Resposta da questão 6:
 a) Ao Primeiro Estado (clero), Segundo Estado (nobreza) e Terceiro Estado (Grupo que compreendia a burguesia, proletários e camponeses). O camponês arqueado representa o Terceiro Estado sobre o qual recaia a enorme carga tributária que assegurava os privilégios e o luxo dos dois primeiros.

b) Os privilégios de classe do clero e da nobreza (particularmente a isenção de tributos), a desigauldade civil entre os grupos sociais e o luxo e a ostentação da nobreza em contraste com a miséria do povo.

c) Considera-se a burguesia como classe que liderou a Revolução Francesa, apesar da fase popular(radical) durante a Conveção (1792-1795) liderada pelos jacobinos, representantes dos proletários (sans-culottes) e da pequena burguesia. As transformações do período radical da Revolução foram a instituição do sufrágio universal masculino, a abolição dos direitos feudais ainda remanescentes na França, distribuição de terras aos camponeses, abolição da escravidão nas colônias e implantação do ensino obrigatório e gratuito.  

Resposta da questão 7:
 a) Os milhares de populares franceses tomaram a Bastilha em busca de pólvora após terem tomado as armas do Arsenal dos Inválidos e por ser um símbolo do absolutismo monárquico francês, pois nela eram encarcerados os opositores da realeza.

b) Uma revolta, limita-se à reação violenta de um ou mais grupos a uma situação opressora conjuntural e com características muito peculiares.
       Uma revolução, significa alterações profundas nas estruturas econômicas, sociais, políticas e culturais em uma determinada sociedade, levando a rupturas e fazendo surgir novas formas de organização, novos valores e conceitos.  

Resposta da questão 8:
 a) De modo geral, no contexto da crise do Antigo Regime e de modo específico, no início da Revolução Francesa (fase da Assembleia Nacional Constituinte - 1789-1792).

b) As Constituição Francesa de 1791, que ratificou a ideia de igualdade dos cidadãos perante a lei (igualdade jurídica ou civil) e de liberdade política.
Também pode ser citada como exemplo a Constituição Norte-Americana, promulgada em 1787.  

Resposta da questão 9:
 a) A alta burguesia, formada por banqueiros, grandes comerciantes e grandes manufatureiros que, apesar de se beneficiarem com o monopólio do comércio externo, estavam descontentes por pagarem tributos, não terem privilégios de nascimento; os trabalhadores urbanos assalariados, além de descontentes com o ônus do pagamento de tributos e da exclusão de qualquer participação política, sentiam mais de perto os efeitos da crise do Antigo Regime pelas precárias condições de trabalho e de vida em que viviam nas cidades; e os camponeses livres e servos que, enraizados à terra há séculos, não conseguiam se libertar dessa condição, viviam cada vez mais empobrecidos pelo insuportável custo dos tributos e não tinham acesso à representação política.

b) A defesa dos princípios de liberdade e de igualdade jurídica através da abolição dos privilégios, da Constituição Civil do Clero, da liberdade de associação, do confisco dos bens eclesiásticos, da proclamação dos Direitos do Homem e do Cidadão, de medidas adotadas para a implantação de governos representativos (voto censitário, sufrágio universal), da abolição da escravidão nas colônias francesas, entre outras medidas.  

Resposta da questão 10:
 a) Na Revolução Francesa (1789), a fase republicana adotou o sufrágio universal (masculino) e estendeu a igualdade não apenas aos brancos, decretando o fim da ordem aristocrática, mas também aos negros abolindo a escravidão em suas colônias. Finalmente, reconheceu a liberdade de consciência, aceitando a pluralidade de credos religiosos ou a ausência deles, e inaugurou um estado civil, em que o poder secular e o espiritual foram definitivamente separados.
           
b) Como exemplos da restrição de liberdade entre os britânicos, a leitura do texto permite-nos identificar a permanência da ordem aristocrática naquela sociedade, bem como a continuidade do regime monárquico, ainda que controlado pelo Parlamento.
            Como exemplos da restrição da liberdade entre os norte-americanos, temos a exclusão da população escrava e dos índios da nova cidadania inaugurada pela República.