quinta-feira, 21 de abril de 2011

O único dia em que lembramos o Índio

19 de abril, data marcada pela “comemoração” aos índios. É uma data apenas lembrada a cada ano sem muito interesse pela mídia e população. Enquanto os meios de comunicação e colégios divulgam a “importância” da cultura e comunidade indígena estes vão perdendo sua identidade e sendo esmagamos e absorvidos pela sociedade capitalista. Um processo natural ao levar em conta a conjectura do mundo atual. Infelizmente os resquícios de uma cultura indígena são apenas lembrados em uma única data comemorativa ou quando algum pobre “pagão” indígena é queimado vivo, despejado de suas terras aparecendo assim nos noticiários causando a revolta da opinião pública, o que na verdade não passa de um surto de pena e culpa rapidamente esquecido pela sociedade.

Deve-se lembrar que o processo de destruição da sociedade indígena tem sua origem nas grandes navegações européias do século XVI sendo resultado da liberdade de alguns países que saíram das correntes da nobreza feudal para desembocar em Estados Nacionais promovendo a unidade do território. Portanto tal fato levou os recentes Estados Nacionais a procurar rotas comerciais para enriquecer a burguesia assim como a coroa. Os dois países que primeiro tiveram condições para se tornarem unidos foram Portugal e Espanha que se lançaram ao mar descobrindo e conquistando novos territórios assim como a população existente nela. Portugal conquistou ilhas próximas ao continente africano e posteriormente “descobriu” terras que no futuro seria chamada de Brasil. Coube a Espanha ter tido o “privilégio divino” de descobrir e conquistar a América Espanhola, terras que correspondem atualmente ao México, América Central e Sul exceto o Brasil. Lembrando que os conquistadores vinham em nome da coroa e da Igreja tendo como objetivo enriquecer a si mesmo como a coroa reservando a Igreja o direito de promover o Cristianismo. Estes ainda tinham o espírito guerreiro herdado das épocas medievais e especificamente a Coroa de Castela e Aragão após expulsar os Mouros de Granada em 1492 mantinham vivo este espírito que foi transposto para a América.

Ora, tendo como objetivo conquistar novas terras e enriquecer os europeus ao descobrirem terras exóticas se deparou com algo extremamente novo e pitoresco a seus olhos: a cultura indígena. Em um primeiro contato estabeleceram um diálogo com os indígenas com a intenção de procurar ouro. Mas percebendo que este meio não traria riquezas partiram para a violência e conseqüente destruição, escravidão da população indígena. Infelizmente durante muitos anos prevaleceu a visão dos vencedores que mostravam uma população indígena submissa e fácil de ser conquistada com a justificativa de serem pagãos. Porém a partir de pesquisas realizadas nos mostram a visão dos vencidos e suas versões acerca da conquista portuguesa e principalmente espanhola na América. As conseqüências destrutivas da conquista afetaram de forma considerável as sociedades nativas em todos os níveis: social, demográfico e ideológico.

Números mostram o enorme declínio da população indígena dos Astecas e Incas. Quando os espanhóis chegaram ao planalto mexicano à população indígena era de 25 milhões enquanto nos Andes era de 10 milhões. Ora, passado algumas décadas pós conquista percebe-se um declínio demográfico de grandes proporções decaindo para 1,9 milhões de habitantes no planalto mexicano e 1,5 milhões a população indígena nos Andes. Umas das causas principais dessa catástrofe foram às doenças trazidas pelos europeus que dizimaram os indígenas que isolados do mundo europeu não estavam acostumados a tais enfermidades, seguido do trabalho forçado e do suicídio em massa de grupos indígenas inconformados com o domínio europeu.

Atualmente os índios vivem esquecidos e isolados do mundo. São tratados apenas como resquícios de uma era arcaica. Muitas tribos desapareceram, outras perderam seus traços culturais sendo absorvidos pelo consumismo capitalista e poucas ainda vivem no anonimato sem a influência e contato com o homem branco. No Brasil temos algumas tribos desconhecidas vivendo na floresta amazônica que a primeira vista vive como seus ancestrais.

Não devemos esquecer o extermínio causado pelos indígenas no passado apoiado pelo poder e ganância dos países europeus aliados a Igreja Católica que tentava libertar os pagãos ameríndios, mas tinham, sobretudo a intenção de barrar o avanço do Protestantismo no “Novo Mundo” instaurando assim uma Igreja pura como nos moldes do início do Cristianismo sobrepujando os hereges. Portanto o Cristianismo foi imposto pela Igreja Católica na América extirpando assim parte da cultura indígena e os deixando submissa a coroa. Nem o pedido de Perdão pelo Papa séculos depois pode apagar o sangue derramado na América Latina que hoje em dia vive os reflexos de uma época colonial de violência e exploração.

Chega-se a conclusão de que a descoberta e conquista da América Latina por Portugueses e Espanhóis destruiu a sociedade e cultura indígena por motivos de ganância e poder. Fatos que geraram conseqüências negativas para o futuro destes povos que vivem a margem da sociedade protegidos por leis apenas simbólicas que nada valem devido ao preconceito causado pela visão européia. Restou aos índios viverem em reservas protegidas pelo poder Federal e uma única data a cada ano para encobrir as maldades e injustiças cometidas contra eles ao longo dos séculos, enaltecendo sua cultura e beleza. Pura incoerência e hipocrisia.

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