quinta-feira, 14 de julho de 2011

A morte sob a ótica grega - O mito de Hades

Queridos amigos, a morte é algo trágico e obscuro para toda a humanidade. A grande maioria não quer sucumbir diante desta força invisível e tal sentimento não foi diferente ao longo da história de diversas civilizações. Principalmente a civilização grega com sua rica mitologia tentando explicar a morte e o que os aguardava além do plano terrestre.

Os gregos antigos acreditavam que todos os mortos iriam para o reino de Hades localizado abaixo da terra que era governado por um Deus chamado Hades. Lembrando que o reino de Hades era o equivalente ao céu, inferno e purgatório na tradição cristã. Portanto todas as almas iriam para o Hades e lá eram recebidas por um barqueiro que fazia a travessia destas para a entrada do reino. Caronte era o barqueiro que realizada a passagem das almas, mas só se estas pagassem o transporte. Por isso era costume na época colocar moedas nas pálpebras ou embaixo da língua dos mortos para que pudessem pagar a travessia. Se tal ato não fosse realizado as almas ao chegarem à beira do rio Aqueronte não teriam como pagar a travessia e vagariam eternamente buscando paz para seu sofrimento, daí a origem dos fantasmas.

Ao ser realizada a travessia através do rio Aqueronte do outro lado estava à entrada do Hades que era guardada pelo cão Cérbero de três cabeças que era muito dócil ao receber as almas, mas ficava extremamente furioso quando estas resolviam fugir. Logo depois as almas eram julgadas pelos três juízes do submundo: Radamanto, encarregado de julgar as almas asiáticas, Éaco responsável por julgar o destino das almas européias e Minos que tinha o voto decisivo. Estes três juízes foram designados ao cargo por suas condutas em vida, ou seja, sempre demonstraram forte senso de caráter e justiça. Quando morreram foram encarregados por Hades para presidirem o júri em seu reino. Após o julgamento a alma poderia ir para os Campos Elísios ou Ilha dos Afortunados que corresponde ao paraíso na mitologia cristã. Lá estavam os grandes heróis, poetas, deuses e pessoas de boa índole em vida. Era um local agradável por onde passava o rio Estige (Esquecimento) e a alma poderia reencarnar em outro corpo se fosse de sua vontade. Segundo a mitologia grega lá estava também à moradia de Hades que tinha a ajuda de outros dois deuses chamados de Tânatos (da morte) e Hipnos (do sono). Em contrapartida havia um local destinado aos cruéis, injustos e aqueles que desafiavam os deuses: o Tártaro que corresponde ao inferno na mitologia cristã. Lá estavam os rios Cócito (das lamentações) e Flegetonte (do fogo). O Tártaro era descrito como um poço úmido, frio e desgraçadamente imerso na mais tenebrosa escuridão, local onde o crime encontra o castigo. Exemplo disso a história de Sísifo e Tântalo que tentaram enganar os deuses e foram castigados por toda a eternidade. O mito do reino de Hades e o termo tártaro influenciaram até mesmo a composição de um trecho bíblico, no segundo livro de Pedro 2:4 está escrito:

“Em realidade, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, precipitados no tártaro, ele os entregou às cadeias das trevas para serem atormentados e reservados até o juízo...”

Outro local reservado as almas além dos Campos Elísios e do Tártaro era chamados simplesmente de Campo. Neste local as almas não sofriam tormentos especiais a não se a tristeza. Corresponde ao purgatório na doutrina católica.

Portanto o mito de Hades era uma forma de explicar o que estaria reservado a todos os seres humanos e influenciou várias gerações gregas e até mesmo outras doutrinas religiosas. Com a ascensão do Cristianismo o mito de Hades foi perdendo força para a dominante mitologia cristã e hoje é apenas lembrado como produção cultural e valor histórico. Mas devemos compreender que o significado do mito de Hades é o mesmo de outras doutrinas religiosas: não há como escapar a morte.

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